martes, 9 de septiembre de 2008

mendiga


A mendiga descia sempre a mesma hora e se situava no mesmo tramo da escalinata, com a mesma enigmática expressão de filosofo do século desenove. Como era habitual, colocava a sua frente um prato de porcelana Sèvres mas não pedia nada, nem tocava quena e muito menos violino. Logo não desafinava como os outros mendigos da zona.
As vezes abria sua mala velha de lona remendada e tirava algum livro de Holderlin ou de Kierkegaard ou de Hegel e se concentrava na sua leitura sem óculos.
Curiosamente, os que passavam iam deixando moedas ou bilhetes e até algum cheque, não se sabe se em reconhecimento a seu afinado silencio ou simplesmente porque comprediam que a pobre tinha se equivocado de época.

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